segunda-feira, 16 de março de 2009

Aquarela

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo, e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo, corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva, e se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva, se um pinguinho de tinta cai no pedacinho azul do papel, num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu, vai voando contornando a imensa curva norte-sul, vou com ela viajando o Hawaí, Pequim ou Istambul, pinto um barco a vela navegando, é tanto céu e mar num beijo azul, entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená, tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar, basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo e se a gente quiser ele vai pousar. Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida, de uma América a outra consigo passar num segundo, giro um simples compasso e um círculo eu faço no mundo, um menino caminha e caminhando chega no muro e ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está e o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar, sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar e nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá e o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar, vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.

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